A estudante que provocou um alvoroço na unidade da Universidade Bandeirante de São Bernardo do Campo, no ABC, dividiu opiniões dos alunos da universidade. Para alguns, a atitude da menina – que, de acordo com a Polícia Militar, foi à faculdade em “trajes inapropriados” - não foi errada e as críticas são fruto de preconceito. Outros, entretanto, acreditam que a atitude foi inadequada.
O G1 ouviu alunos da universidade durante a quinta-feira (29), uma semana depois do ocorrido. Na noite do dia 22, a PM foi chamada para conter um tumulto em uma das salas da universidade. As imagens foram postadas no site YouTube, de compartilhamento de vídeos, no dia seguinte à confusão, e mostra a aluna sendo xingada. Na manhã e na tarde desta quinta-feira (29), um dos vídeos contabilizava quase 20 mil acessos.
“É preconceituoso por parte de quem começou. O problema é dela, se ela quis vir com roupa pequena. Eu não viria, mas se a pessoa se assume com a roupa, não tem problema. Não consigo ver o que tem de errado”, disse a estudante de educação física Elizandra de Andrade, de 35 anos.
Sua colega Gabriela Rodrigues, de 19 anos, já tinha opinião diferente. “Não é legal vir assim para a aula. Dependendo de como era o vestido, ela não teve muita noção”, afirmou a jovem.
Para outro aluno, a entrada da aluna com pouca roupa na universidade pode ter sido um erro de segurança. “Se fosse um cara sem camisa com certeza teriam barrado, mas com ela não”, contou ele, que não quis se identificar. “Ela colocou em risco o campus. O pessoal começou a subir na janela para vê-la. É imprudência, não tem uma lógica para fazer isso.”
Outro comentário feito por uma estudante de enfermagem, entretanto, rebatia a crítica. Segundo ela, a estudante que foi alvo das tentativas de agressões teria entrado na universidade com uma calça legging por baixo do vestido. Uma vez na unidade, ela teria tirado a peça de roupa complementar.
Para Elias Alves, de 19 anos, a reação dos colegas foi totalmente inconveniente. "Deveriam até ser punidos se descobrirem quem foi de fato."
Para o vendedor de pizzas José Natalício, também estudante de turismo, a garota se veste com certo exagero, mas foi extremamente hostilizada. "Achei exagerado, ação de alunos bagunceiros", disse ele.
Confusão
Anderson Araújo de Oliveira, colega de classe da jovem, disse ao G1 que quando chegou à aula, um pouco atrasado, encontrou vários alunos aglomerados na porta de sua classe, tirando fotos e gravando vídeos com o celular. Ao entrar na sala, disse que queria ligar para a Polícia Militar. Mas como uma amiga também pensou o mesmo, ele disse que acabou emprestando o telefone celular para ela ligar para a PM. Cerca de 5 minutos depois, os policiais militares chegaram na Uniban.
“Ela estava com uma roupa meio insinuante, o pessoal da faculdade ficou perseguindo para vê-la. Quando eu cheguei, já estava uma confusão. Ela estava lá dentro, com os outros alunos e o professor”, contou o estudante.
Os vídeos colocados na internet mostram a confusão criada quando a Polícia Militar foi chamada para conter os rapazes e moças que xingavam a estudante. As imagens, feitas de telefones celulares, mostram a jovem deixando a Uniban vestindo um jaleco branco, acompanhada dos policiais sob gritos, assobios e xingamentos.
De acordo com Oliveira, a estudante estava com um vestido “muito curto, rosa, bem curto”. Segundo o estudante, a universidade não procurou os alunos coletivamente para comentar o caso ou fez alguma punição. O G1 não localizou a aluna para comentar o assunto.
A PM do ABC confirma que recebeu o chamado às 21h33 para uma ocorrência de “confusão”. Segundo o porta-voz da corporação, capitão Emerson Massera, a situação foi resolvida no local. “Ela teria ido à faculdade com trajes inapropriados e os alunos começaram a fazer provocações e a xingá-la”, disse ele.
A Uniban instaurou uma sindicância para apurar o ocorrido e tentava apagar os vídeos com o incidente no Youtube.
*Colaborou Roney Domingos
G1
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